De início, o que mais me chamou atenção sobre “Apoptosis” foi seu título. Em uma rápida busca no Google, encontrei o seu significado: “Apoptose (ou apoptosis, em inglês) é uma forma de morte celular programada, ou ‘suicídio celular’”. Ao contrário do que eu poderia pensar, o título do curta-metragem de Brenda não é uma referência ao contexto apocalíptico da obra per si, e sim uma breve e prévia explicação sobre o que provocou este cenário em primeiro lugar.
Na história, o ano é 2092, a população da terra diminui a cada segundo em milhares de pessoas que acabam se auto destruindo de dentro para fora e, de um dia para o outro, você perde sua última companheira. O que fazer a partir da solidão inexplicável? Uma vez que a vida não se torna mais possível na Terra, o que existe depois? O suicídio celular, a “apoptose” acaba sendo um pretexto para, em um cenário apocalíptico, iniciar uma reflexão profunda sobre a vida, o futuro, de onde viemos e para onde vamos.
A obra, através de finos traços, cores sóbrias e jogos de luz e sombra, expressa a solidão e introspecção da protagonista, diante de uma direção de arte que também é inteligente em evidenciar um mundo ultramoderno. Por não conter diálogos, o filme se ancora nesses elementos puramente imagéticos (raras vezes recorre aos intertextos, a maioria apenas na intenção de apontar seus saltos temporais), para desenvolver sua narrativa. É interessante pois, ainda sem diálogos ou muitas explicações sobre seu contexto, o visual por si só já é capaz de tornar a experiência instigante.
O primeiro momento é carregado de significados: uma contagem de pessoas na Terra que diminui a cada segundo, uma demonstração de carinho que se segue à uma dor excruciante de perder alguém e a solidão, enfim. Em um segundo momento, somos pegos de surpresa por um forte contraste: o brilho invade a tela e logo a esperança de uma vida longe do horror parece prosperar. É bem no momento em que a história poderia se tornar cansativa ao buscar respostas que o curta-metragem acaba.
Este é um trabalho que poderia estar facilmente em uma das famosas séries animadas da Netflix, como “Love, Death and Robots” ou “Arcane” e seria um dos mais comentados. A quantidade de perguntas que a obra levanta é suficiente para iniciar ricos debates e deixar a audiência especulando sobre uma continuação em frenesi nas redes sociais. Um excelente trabalho.
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